Travel Blog Joao Cajuda

“Viajar tornou-se um vício” – Entrevista Volta ao Mundo

“Viajar tornou-se um vício” – Entrevista Volta ao Mundo

Entrevista para a Revista “Volta ao Mundo”

Joao Cajuda: “Viajar tornou-se um vicio saudavel”

A vida de treinador que o pai, Manuel Cajuda, escolheu levou-a a viajar desde cedo, a tal ponto que criou um site, joaocajuda.com. O ator, Joao Cajuda recorda o mês que viveu na India, um país que mudou a sua forma de olhar a vida, fala de uma viagem que fez de comboio acompanhado de baratas e ratos e dos cheiros que ainda hoje o fazem sonhar.

Por Ana Lúcia Sousa a 14 de Janeiro de 2014
 

Sempre foi apaixonado por viagens ou foi algo que descobriu com o tempo?

Sempre… penso que tem muito a ver com a minha infância. Devido à profissão do meu pai (treinador de futebol Manuel Cajuda) fui obrigado a mudar de cidade basicamente todos os anos. Então já faz parte da minha natureza conhecer novos sítios, novas culturas, novas gastronomias… conheço Portugal de uma ponta à outra. Por volta dos meus 18 anos comecei a viajar para fora, desde então que viajar é a coisa que mais me entusiasma. Quando não estou a viajar estou a pensar na próxima viagem, penso que se tornou um vício saudável. Acordar numa cidade que não conheço é das melhores sensações do mundo, não saber o que vou encontrar no final de uma estrada, inspira-me a viajar. Gosto da sensação de que aquilo que me é garantido em Lisboa como atravessar uma estrada, pedir comida, ir à casa de banho… se torna numa aventura novamente.

Houve alguma viagem que o tivesse marcado?

Todas as viagens são marcantes, mas talvez a minha viagem pela Índia tenha sido a que mais me marcou.

Era o seu destino de sonho?

Não era o meu destino de sonho mas era um o que mais curiosidade me despertava, talvez pelo misticismo, pelas lendas, pela diversidade cultural, gastronómica, geográfica, religiosa, pelo gigante que é a Índia. A índia é quase como um sub-continente com centenas de nacionalidades.

Quando e quanto tempo foi? O que é que lhe acrescentou enquanto pessoa?

Fui em Agosto de 2012 durante um mês, embora seja pouco tempo para um país com o tamanho da Índia ainda conheci toda a zona do Rajastão, Agra, Varanassi, Mumbai, Nova Delhi e Kerala. Terei de voltar novamente para conhecer o resto, que chatice (risos). A Índia é um país completamente diferente de qualquer outro que visitei. Quando se chega à India é necessário esquecermos tudo o que aprendemos. O choque cultural é demasiado grande, por momentos parece que estamos a viver noutra dimensão, numa utopia. O barulho, o trânsito, a densidade populacional e o calor são alguns dos desafios que facilmente nos levam a ter uma crise de nervos. Mas isso é ótimo, nunca percebi aquelas pessoas que viajam e que depois se queixam que é tudo muito diferente de Portugal, isso vai contra o objetivo da “viagem”. Obviamente que a Índia não é um país fácil. A pobreza é extrema, sair à rua era muitas vezes o mesmo que levar uma facada no coração. Mas isso fez-me ver o quão sortudo e por vezes ingrato sou. Fez-me ser mais humilde, paciente, tolerante, principalmente por me aperceber que existem pessoas que fazem de maneira diferente aquilo que eu julgava haver apenas uma forma correta de o fazer. É um país que te leva a testar os teus limites, é um país que te muda, é um país que todas as pessoas deviam visitar pelo menos uma vez na vida.